Em briga de marido e mulher, ligue 180
A violência contra a mulher é assunto debatido por anos a
fio, vide história de Maria da Penha, mulher que foi física e psicologicamente
violentada pelo marido e empresta seu nome para a lei, em vigor desde 2006, que
ampara mulheres que sofrem com histórias parecida; ou até mesmo o conto de violência
cantado por Elza Soares –que também já foi vítima de agressão-, intitulada
“Maria da Vila Matilde”.
É impressionante como uma temática tão comum é tratada,
muitas vezes, com indiferença aos olhos da sociedade. O ditado popular “Em
briga de marido e mulher não se mete a colher” continua sendo justificativa do modus operandi de centenas de pessoas
que presenciam alguma agressão, seja na casa vizinha ou na rua, e preferem
fechar os olhos, ignorar.
Só no ano de 2020, mais de 105 mil denúncias de violência
contra a mulher foram registradas nas plataformas do Ligue 180 e do Disque 100,
segundo dados apresentados pelo Governo Federal.
Com o confinamento social, medida adotada no início da
pandemia como forma de controle e combate à pandemia do coronavírus, os casos
de violência contra meninas e mulheres aumentaram em todo o mundo. O alerta foi
feito pelo Secretário-geral da ONU, António Guterres.
Dessa forma, um questionamento deve ser levantado: Será que,
para essas mulheres, a ameaça mora dentro de casa?
De acordo com dados divulgados na pesquisa Visível e
Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, encomendada pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada quatro mulheres foi vítima de
violência, no Brasil, durante a pandemia.
No total, 2.079 pessoas acima de 16 anos, residentes em 103
municípios do país, foram entrevistadas. Os números mostram que, 18,6% dessas
violências eram verbais; 6,5% envolviam algum tipo de agressão física, como
tapas, chutes e empurrões; 3,1% foram ameaçadas com faca ou arma de fogo e, em
2,4% dos casos, essas mulheres foram brutalmente espancadas.
Como forma de corroborar com a ideia de que, por vezes, o
agressor reside com a vítima, observemos o número de agressões que aconteceram
dentro de casa: durante o período de isolamento houve um aumento, passando de
42% para 48,8%. Em contrapartida, as violências registradas na rua diminuíram
10%.
Sabendo-se que, durante a entrevista, 51,5% da população já afirmou ter presenciado alguma situação de agressão contra mulheres no último ano, é imprescindível informar: existem canais de comunicação destinados exclusivamente para receber comunicações desse teor. As denúncias ao Disque 100 e Ligue 180 podem ser feitas de forma anônima. Proteger as mulheres violentadas, em qualquer situação, é dever social! Denuncie!